Oi, tudo bem com você? Espero que sim!
Ontem eu assisti a uma palestra maravilhosa e transformadora sobre feminismo negro, produzida pelo Desabafo Social, o Escambo de Ideias #3. Na discussão falou-se sobre estratégias de luta contra o sexismo e o racismo. Uma das palestrantes era a Joice Berth, arquiteta e militante do movimento negro, e no meio da conversa ela estabeleceu a diferença entre fortalecimento e empoderamento. Segundo ela fortalecimento está ligado à estética, a abraçar suas raízes, como por exemplo, abandonar os alisamentos e usar os cabelos crespos e cacheados naturalmente. Já empoderamento é ter conhecimento sobre sua ancestralidade e da estrutura do sistema racista e através desse saber, construir defesas contra as opressões que lhe acometem. Se você não conferiu ontem, confira neste link aqui. Vale muito à pena!

“Nem sempre quem está fortalecido está empoderado.” Com isso em mente, hoje então é dia de entender o significado dos turbantes para a cultura afro-brasileira. Além disso, vim discutir mais uma vez apropriação cultural, porque enquanto fazia as pesquisas para esse post, lendo outros textos, muitos comentários referentes a eles eram justificativas esfarrapadas sobre utilização de materiais de outros povos e culturas. E não, não podemos viver cheios de disse-me-disse!
Leia aqui os textos no blog sobre “Transição Capilar”!
Sobre turbantes!
Os turbantes são elementos que caminham por vários povos, de norte a sul, de leste a oeste. Persas, árabes, indianos e africanos são alguns deles. Também conhecido como Ojá na África Negra, sendo utilizado em instrumentos musicais, roupas e até mesmo para as mães carregarem suas crianças, ele desempenha papéis de classificação social, religião e vestuário.

Imagem: Reprodução.
Aqui no Brasil, influenciado pela cultura africana, o turbante é uma das inúmeras peças que compõem as baianas, figura típica do nosso país que remetem às mucamas na época da escravidão, mas que também participam das religiões afro-brasileiras, como o candomblé. E por falar nas religiões nascidas aqui, a umbanda e o xangô também incorporaram o turbante.
Com o crescimento do movimento negro na década de 60 nos Estados Unidos, os turbantes, assim como outros elementos da cultura africana, foram colocados como símbolo de resistência à segregação racial que o país enfrentava. Hoje, um movimento que lá clama pela mesma ideia é o Afropunk, que envolve música, transgressão e identidade.
Conheça o movimento AfroPunk neste post do blog!
Aqui no Brasil, o movimento negro também trouxe esse ideal de identificação com o continente africano por meio da estética. No presente, a internet tem sido um grande divulgador desses elementos, tendo a aceitação do cabelo como maior ponto de partida e os turbantes como ato de afirmação identitária.

Alguns trajes maravilhosos do no festival de música do AfroPunk.
Entretanto, assim como aconteceu na década de 20 e 30, com estilistas como Paul Poiret e Coco Chanel, a indústria de moda atual encontrou nos turbantes uma fonte de consumo e através de sua produção em massa, os significados, sobretudo os de influência africana, estão sendo distorcidos, causando o que conhecemos como Apropriação Cultural. Continuar lendo →
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