Quem é vivo sempre aparece! E por isso estou aqui para escrever finalmente sobre o álbum visual causador de infartos da Queen Bey. Até parece que euzinha deixaria de falar sobre isso aqui.
Para quem ainda sim não está atualizado com o último trabalho da Beyoncé, eu ajudo com uma explicação simples. Lemonade, ou Limonada em português, é o sexto trabalho da Bey em carreira solo e é de longe o mais corajoso. Ao mesmo tempo em que a estrela fala sobre traição e apela para sua herança cultural, ela não se distancia dos debates sociais e raciais dos EUA, que vivem um tempo louco com aqueles apoiadores do Donald Trump, mas isso é pano para outra manga.
Antes de qualquer coisa dessas Lemonade é descrito como um projeto conceitual baseado na jornada de autoconhecimento e cura de cada mulher (conceptual project based on every woman’s journey of self-knowledge and healing.), sobretudo das mulheres negras.
É claro que como o lançamento da canção Formation, muita polêmica envolve Lemonade. Ouvindo o álbum, me peguei pensando: Será que teríamos tantos limões aqui no Brasil para uma limonada assim? Veremos!
Confira aqui o post sobre a canção Formation no blog!
Primeiro de tudo, para Lemonade ser gravado aqui no Brasil, Beyoncé seria genuinamente brasileira. Seus pais não seriam do Alabama e da Louisiana, mas sim dos interiores da Bahia e do Rio de Janeiro, onde os resquícios dos grandes engenhos permanecem. As referências ao Mardi Gras de Nova Orleans em Formation seriam do nosso carnaval. O country da faixa Daddy Lessons seria substituído pelo samba de raiz. Se Lemonade fosse gravado aqui no Brasil Karol Conká, Yzalú, Magá Moura e Monique Evelle seriam minhas apostas para aparecerem no trabalho assim como a dupla Ibeyi, Winnie Harlow e Amandla Stenberg apareceram na versão gringa.
Conheça a multi talentosa Amandla Stenberg aqui no blog!
Se Lemonade fosse gravado aqui não teríamos um partido como o Panteras Negras para homenagear nos gramados de um Super Bowl. Algo parecido foi extinto pela ditadura do Estado Novo, mas ainda assim poderíamos homenagear as mulheres negras apagadas na nossa história, como Aqualtune, Dandara, Luísa Mahin e Carolina Maria de Jesus.
Mas isso tudo seria na visão do trabalho da nossa Beyoncé brasileira. O que falar da distribuição da obra?
Se Lemonade fosse gravado aqui no Brasil não causaria tanto estardalhaço, pois certamente não seria televisionado como foi lá fora. Ao avesso, seria sufocado pela grande mídia, como são os trabalho de gente que abre um novo momento em nossa música, como Yzalú, Liniker e Criolo. Serão esses trabalhos ácidos demais?
Se Lemonade fosse gravado aqui no Brasil não reconheceríamos os rostos das mães daqueles que perderam para a brutalidade policial erguida em nossa sociedade racista. Afinal, qual de nós se lembra de ver o nome desses jovens negros no destaque dos jornais? Imagine só o rosto de quem os criou! Mal nos lembramos da Cláudia! A Cláudia da Silva Ferreira, mãe de quatro filhos, arrastada até a morte por uma viatura há dois anos e ainda sem a devida justiça feita.
Confira aqui o post sobre brutalidade policial contra a juventude negra no Brasil!
Resumindo, se Lemonade fosse gravado no Brasil seria velado como o racismo é por aqui.
Pergunto agora: mesmo encobertos pelas folhagens, será que já não temos limões o suficiente? Será até que as limonadas já não estão prontas? Essa conversa ainda continuará ácida para quem? E até quando?
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Qual a sua opinião sobre o novo álbum da Beyoncé? Já tinha escutado? Qual faixa mais curtiu? E o que achou da discussão levada por ele? Deixe nos comentários! Também compartilhe e acompanhe o Maia Vox pelas redes sociais. Até mais!
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